Política Monetária e Operações de Crédito do SFN – Fonte BCB
Base: Agosto de 2017
I – Operações de crédito do sistema financeiro
O crédito total do sistema financeiro, incluindo operações com recursos livres e direcionados, totalizou R$ 3.047,0 bilhões em agosto, com retrações de 0,1% no mês e 2,2% em doze meses (-0,9% e -2,1%, respectivamente, em julho). A redução mensal resultou do declínio de 1% na carteira de pessoas jurídicas, saldo de R$ 1.437,0 bilhões, e do aumento de 0,7% na de pessoas físicas, que atingiu R$ 1.610,0 bilhões. A relação crédito/PIB declinou 0,1 p.p. no mês, situando-se em 47,1%, comparativamente a 50,4% em agosto de 2016.
O crédito livre atingiu R$ 1.527,0 bilhões (+0,3% no mês e -1,5% em doze meses). A carteira de empresas permaneceu estável no mês, com saldo de R$ 699,0 bilhões. No crédito às famílias, o saldo situou-se em R$ 828,0 bilhões (+0,6% no mês), destacando-se, no mês, o crédito consignado, os financiamentos de veículos e o cartão de crédito à vista.
O crédito direcionado somou R$ 1.520,0 bilhões (-0,6% no mês e -2,9% em doze meses). As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 782,0 bilhões (+0,7% no mês), com aumentos de 1,3% e 0,5% nos créditos rurais e imobiliários, respectivamente. O crédito a pessoas jurídicas recuou 1,9% no mês, para R$ 738,0 bilhões, refletindo maiores liquidações e menores concessões de financiamentos com recursos do BNDES, além de liquidações no crédito rural.
Considerados os segmentos de atividade econômica dos tomadores de crédito, destacaram-se as retrações no comércio (-3,9%, saldo de R$238 bilhões), na indústria de construção (-2,4%, R$89 bilhões) e em serviços industriais de utilidade pública (-0,8%, R$202 bilhões). Regionalmente, consideradas as operações acima de R$ 1 mil, foram observadas retração do saldo alocado no Sudeste (-0,3%, R$ 1.605,0 bilhões) e expansões nas demais regiões, principalmente no Sul (+0,4%, R 549,0 bilhões) e no Nordeste (+0,2%, R$ 399,0 bilhões).
Taxas de juros e inadimplência
O custo médio das operações de crédito ativas, aferido pelo Indicador de Custo do Crédito (ICC), recuou 0,2 p.p. em agosto, situando-se em 22,1% a.a. (-0,8 p.p em doze meses). No crédito livre, o indicador recuou 0,4 p.p. no mês e 2,3 p.p. em doze meses, situando-se em 36,7%, permanecendo estável em 8,9% a.a. no crédito direcionado.
A taxa média de juros, compreendendo os segmentos com recursos livres e direcionados, alcançou 28,5% a.a. em agosto (-0,5 p.p. no mês e -4,5 p.p. em doze meses). No crédito livre, a taxa média recuou 1,0 p.p. no mês, situando-se em 45,6% a.a.; no crédito direcionado, redução de 0,1 p.p., para 10% a.a.
No crédito às famílias, a taxa média situou-se em 35,6% a.a. (-0,9 p.p no mês e -6,6 p.p. em doze meses). Nas contratações livres, a taxa declinou 1,5 p.p., para 62,3% a.a., destacando-se os recuos em cheque especial (-4 p.p.) e crédito pessoal não consignado (-2,8 p.p.). No direcionado, a taxa média declinou 0,5 p.p., para 8,5% a.a., com reduções de 0,4 p.p. no crédito rural e de 0,7 p.p. nos financiamentos imobiliários.
A taxa de juros do cartão de crédito rotativo regular recuou de 10,3% a.m., em julho, para 10,2% a.m., em agosto, mantendo a trajetória declinante observada desde o início da vigência das medidas que alteraram o funcionamento do cartão de crédito rotativo (em março de 2017 atingiram 14,9% a.m.). No cartão parcelado e no rotativo não regular, as taxas médias de juros permaneceram estáveis no mês em 8,3% a.m. e 16,2% a.m., respectivamente. Em agosto, a taxa de juros do cheque especial registrou ligeira redução, para 12,6% a.m. (de 12,7% a.m. em julho).
No crédito às empresas, a taxa média de juros atingiu 18,8% a.a. (-0,1 p.p. no mês e -3,2 p.p. em doze meses). No segmento livre, a queda de 0,9 p.p. no mês, para 24,4% a.a., refletiu reduções em capital de giro (-0,6 p.p.) e desconto de duplicatas e recebíveis (-2,5 p.p.). No crédito direcionado, a taxa alcançou 12,2% a.a. (+0,6 p.p. no mês), com alta de 0,8 p.p. nos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES.
O spread médio das contratações com recursos livres e direcionados situou-se em 21,3 p.p. (-0,2 p.p. no mês e -2,0 p.p. em doze meses), refletindo o recuo nas operações com as famílias (-0,4 p.p., para 28,6 p.p.). No crédito às empresas, o indicador alcançou 11,5 p.p. (+0,1 p.p. no mês). No crédito livre, o spread declinou 0,7 p.p., para 36,9 p.p., enquanto, no direcionado, aumentou 0,3 p.p., para 4,5 p.p. em agosto.
A taxa de inadimplência permaneceu estável pelo terceiro mês consecutivo em 3,7%. A estabilidade se verificou tanto nos créditos às famílias (4,0%) e às empresas (3,4%), quanto nos segmentos livre (5,6%) e direcionado (1,8%).
II – Evolução dos agregados monetários
A média dos saldos diários da base monetária totalizou R$ 249,9 bilhões em agosto, com retração de 0,6% no mês e acréscimo de 5,4% em doze meses. A variação mensal refletiu o declínio de 0,8% no saldo do papel-moeda emitido e a ampliação de 0,3% na posição das reservas bancárias.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, sobressaíram, sobretudo, as operações com títulos públicos federais, com impacto contracionista de R$ 7,2 bilhões (compras líquidas de R$ 29,0 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$ 36,2 bilhões no mercado primário) e as operações do Tesouro Nacional, que implicaram expansão de R$ 3,8 bilhões.
O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$ 313,7 bilhões em agosto, após decréscimo de 1,8% no mês, decorrente das reduções de 3,1% nos depósitos à vista e de 0,9% no papel-moeda em poder do público. Em doze meses, o M1 cresceu 4,1%.
O saldo dos meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos de poupança e títulos emitidos por instituições financeiras, totalizou R$ 2,4 trilhões em agosto (avanço de 0,6% no mês). Esse resultado foi determinado pelas expansões de 1,1% nos títulos privados (saldo de R$1,4 trilhão) e de 0,8% nos depósitos de poupança (R$ 690,4 bilhões). No mês, ocorreram captações líquidas de R$ 2,1 bilhões na poupança e de R$ 14,0 bilhões nos depósitos a prazo.
O M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos, que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, elevou-se 1,6% no mês, para R$ 5,6 trilhões, refletindo o acréscimo de 2,4% no saldo das quotas de fundos, que somou R$ 3,1 trilhões. No mesmo período, o saldo de operações compromissadas recuou 2,4%, situando-se em R$ 89,0 bilhões. O M4, que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, cresceu 1,3% no mês e 9% em doze meses, totalizando R$ 6,5 trilhões.
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