Eis um pensamento que há tempos tenho tido e decidi finalmente externá-lo. Quando comecei meus estudos a respeito das áreas humanas em geral, comecei através de Aristóteles e por sequência Sócrates – Cronologicamente inverso –. O que a princípio me parecia apenas o óbvio, que seria começar cronologicamente com os pioneiros do pensamento ocidental, se tornou um grande facilitador para todos os estudos posteriores. Pois tanto Sócrates quanto Aristóteles estudam e trabalham a lógica pura, seja da argumentação, do pensamento, da metafísica e afins. Com pouco abstracionismo e com pouca influência exterior os dois criaram obras que servem de manual para translucidar a mais complexas das obras posteriores.
Já faço um pequeno adendo a respeito de Platão: embora seus trabalhos sejam fascinantes e suas obras também sejam pilares para obras posteriores, ele trabalha através de muitas abstrações e mesmo suposições mais idealizadas e por vezes não é norteado pelo mundo real, o que interfere numa linha de raciocínio. Inclusive, ele trabalhava a matemática num paralelo com as ciências humanas, gerando certa confusão.
Por sorte, comecei justamente com Aristóteles, suas análises sempre visavam encontrar as falhas nas proposições, esse estudo ele aprimorou de Sócrates, boa parte descrito em A República. A República foi escrito por Platão, porém não passa de compilações de diálogos e debates enfrentados por Sócrates. Dentre as obras de Aristóteles, não muito conhecido é o Órganon, sua tradução para o português era difícil encontrar em 2008 quando iniciei os estudos, porém na época já era possível encontrar partes traduzidas para português na internet. Nessa obra, Aristóteles de forma prática explica o pensamento por trás dos silogismos – “proposições” –, o que nos permite entender sua forma, aplicação e objetivo. Essa obra é, inclusive, muito indicada para quem quiser fazer um estudo da Retórica, pois muitos dos temas abordados são descritos em Órganon, por esso motivo, vem-se tantas divergências e incoerências em releituras da Retórica, pois falta o estudo inicial da práxis dos silogismos. Todo o estudo do silogismo passa a nortear: A Retórica, inclusive A Poética. A respeito da metafísica, ele não tem uma obra única, mas afirmações e conclusões espalhadas por outras obras, em suma, ele aborda a Teoria das Ideias de Platão, porém, traz elas a um patamar mais moderado e visa não moldá-las, mas dar a elas uma metódica, equacioná-las.
Sócrates poderia ter sido elevado a um status máximo apenas pela criação da Maiêutica, através dela conseguimos criar ideias, fabricá-las quase naturalmente sem nenhuma deturpação dos nossos conceitos ou pré-conceitos. Ele também a demonstra de certo modo em A República, porém, entender sua estrutura através dessa obra é quase impossível, para entendimento mais pleno da Maiêutica, existe Teeteto, uma obra que sem dúvida, pode desmentir boa parte dos filósofos atuais que insistem nas tais “janelas verdade” e outras teorias sobre verdades relativas. Suas visões a respeito da política nortearam a origem da democracia, lamentavelmente não trouxemos junto o conceito do político/filósofo ou do político/estudioso – trazendo o termo para uma contemporaneidade – Sócrates entendeu que somente quem tivesse discernimento das mais particulares situações da polis, poderia assumir papel de liderança. Muitos acham que era pretensão da parte dele, como quando Maquiavel se apresenta como o salvador de tudo, mas é evidente que sequer Sócrates tinha intenção de assumir para si tal papel.
Bom, eis apenas um mero resumo do meu começo nos estudos. Vou deixar alguns links que possam ajudar e espero que todos possam ter a mesma sorte que eu tive de perceber os engodos e armadilhas das falácias humanas. – Quase sempre. –
Teeteto, versão comentada: http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Teeteto-Plat%C3%A3o.pdf – não me responsabilizo pelos comentários, inclusive sugiro não as ler e tirar suas próprias conclusões.
A República: http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf – preparem-se, eis uma das leituras mais pesadas que eu conheço.
Obra completa de Aristóteles: http://pensamentosnomadas.com/obra-completa-de-aristoteles-em-10874 – Inclusive ótimos artigos dos professores Olavo de Carvalho e do Mario Ferreira dos Santos.
O conhecimento é a única chave para encontrar a verdade.
Escrito por José Galdino.