Meia-entrada agora; pagando caro para sempre

A meia-entrada em cinemas, peças de teatro, shows e outros entretenimentos é reconhecida por muitos como um excelente benefício. Tal “direito” visa ajudar os que estão estudando e por isso não possuem tanto rendimento para arcar com os custos de sua diversão, bem como para promover a inclusão de idosos, os quais, igualmente, muitas vezes, precisam investir em remédios e/ou não sentem estímulo para outras atividades.

Nenhum problema haveria com este “direito”, se não fosse o caso dele ser uma obrigação imposta pelo Estado ao empreendedor. É sabido que empresário não possui a liberdade para não conceder a meia-entrada. Não importa se o preço normal do serviço é R$10,00 e ele resolva fazer por R$5,00 – no dia em que fizer por R$5,00, haverão aqueles que pagarão, somente, R$2,50, pois a lei obriga. O problema é que os que pagam a meia-entrada, não entendem que são custeados por aqueles que pagam a entrada completa. Se o total de custo do serviço for de R$10.000,00 e a capacidade do local for para 10.000 pessoas, e deste total, mais da metade pagar meia-entrada, o restante arcará com os custos que restantes, inevitavelmente.

Mas para a felicidade da nação, ontem (06/10/2015) foi aprovado um novo decreto, modificando as regras para a emissão de meia-entrada no país. Resumidamente, até agora não havia limite para a quantidade de pessoas que utilizariam a meia-entrada. Se em um show com capacidade para 1.000 pessoas, 700 se valessem deste “direito”, azar do empreendedor. Agora, a partir de 1º de dezembro de 2015, haverá a limitação de 40% das vagas para a meia-entrada. Devemos comemorar este avanço.

Precisamos comemorar, porque a limitação é um avanço para o empreendedor e promove a livre iniciativa, o qual terá a certeza de que, pelo menos, 60% do seu público pagará a entrada completa, podendo, assim, calcular melhor os custos, maximizar o lucro e percebendo o potencial, inclusive baixar os preços, pois mais pessoas estarão pagando pela entrada completa.

Entretanto, que fique claro ao “pobre” estudante ou idoso, que este “direito” da meia-entrada continuará lhe custando caro ao longo da vida. Proporcionalmente, ficamos menos anos estudando ou na velhice, do que propriamente fora desta faixa. Isto significa que este “direito” da meia-entrada, se for equiparado ao tempo de vida do indivíduo, ele paga muito mais entradas completas do que meias-entradas, tendo de bancar por muitos anos, aqueles que estão usufruindo da meia-entrada. Se hoje usufrui, logo estará pagando caro.

Noutras palavras, o indivíduo comemora agora, mal sabendo que está fadado a financiar muito além do que usufrui. E é por isso que precisamos lutar por menos Estado e menos intervenção na propriedade privada. Nenhum “direito” cai dos céus – todos são financiados.

Com este novo decreto, certamente temos um avanço, mas ainda continuaremos a pagar caro por este “direito” da meia-entrada, pois não temos qualquer liberdade para negociar de maneira diferente com o Estado.

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**Imagem: http://www.mises.org.br/images/articles/2013/Maio/meia-entrada.jpg

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Author: Filipe Machado

1 thought on “Meia-entrada agora; pagando caro para sempre

  1. De se comemorar é finalmente as pessoas enxergarem o absurdo e os males que estas ” benesses ” governamentais causam.
    Parabéns ao articulista.

    Eu ainda acrescentaria que, este ” DIREITO “(!?) da meia entrada nada mais é do que uma variação,
    bem sem vergonha da antiga tática do pão e circo.
    Só que fazendo toda a população pagar sem perceber pelo circo alheio.
    Ao mesmo tempo em que limita o empresário e a livre iniciativa como um todo.
    Estas são as piores práticas do governo, aquelas que fazem as pessoas pedirem mais ação governamental e joga indivíduo contra indivíduo!

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