Comentário sobre dívida pública 03

Prezados Senhores

Mensalmente quando das divulgações dos números da economia fico estarrecido com a total ignorância e irresponsabilidade com que a imprensa, de uma forma geral, divulga esses números. Ontem ao divulgar os números da dívida da União toda a imprensa, sem exceção, divulga a dívida da União em poder do mercado como sendo a dívida total da União, e o mais grave é que isso é feito de longa data, apesar de enviar mensagens para as redações, nada mudam. Provavelmente as minhas mensagens, quando chegam às redações, devem ir para lixeira, consideradas como sendo de um louco que ousa questionar os jornalistas (donos absolutos da verdade) em seus pedestais acima de Deus.

Os leitores deveriam saber que esses títulos da dívida da União, em poder do Banco Central, são na sua grande maioria, títulos considerados podres (exemplo: títulos das dívidas dos estados e municípios, securitizadas pela União em 1997) que o mercado não confia (alguém confiaria?). Dívidas que tinham prazo de 30 anos para pagamento e que, sem nenhum critério técnico, mas apenas como moeda de troca para apoio do governo está sendo refinanciada por mais 20 anos, assim sendo nada mais é do que aumento disfarçado de base monetária (grande pedalada oficial) que ninguém toca no assunto. Talvez por isso a ordem oficial seja não divulgar, e as emissoras e jornais recebem como pagamento mais uma propaganda oficial inútil da “Bolsa Família”, dentre outras.

Por isso, e somente por isso, defendo a independência do Banco Central, que ficaria responsável apenas pela política monetária e controle da inflação, e não como é hoje, responsável pela dívida do governo. Nesse caso não existiria a excrescência da “pedalada oficial” de títulos carregados em carteira pelo Banco Central. A responsabilidade da colocação e administração desses títulos seria do Tesouro, como funciona em todos os países desenvolvidos. E ninguém debate esse assunto. No Brasil todas as propostas são de perfumaria, ou seja: “fazer omelete sem quebras os ovos”. 

Dívida Líquida Total da União (Interna e Externa) – Fonte MF

Base: Fevereiro de 2016

Dívida Líquida

Total da União (Interna e Externa)

Fonte MF – Base R$ bilhões.

Itens   2002    % PIB   2010    % PIB   Fev/16  % PIB  
Dívida Interna Em Poder do Mercado      558,9   37,54   1.603,9 41,28   2.678,2 45,00  
Dívida Interna Em Poder do Banco Central        282,1   18,95   694,0   17,86   1.274,5 21,42  
Dívida Externa Líquida  262,9   17,66   90,1    2,32    141,2   2,37   
Dívida Total Líquida    1.103,9 74,15   2.388,0 61,46   4.093,9 68,80  
PIB 2002 – (R$ 1.488,8 bilhões); PIB 2010 – (R$ 3.885,8 bilhões);

PIB 2016 previsão – (R$ 5.950,7 bilhões).

Dívida Interna Bruta da União em Poder do Mercado

 

– Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do mercado de R$ 558,9 bilhões (37,47% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 1.603,9 bilhões (41,28% do PIB) em dezembro 2010. Aumento real em relação ao PIB de 10,17%.

– Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do mercado de R$ 1.603,9 bilhões (41,28 do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 2.678,2 bilhões (45,00% do PIB) em fevereiro de 2016. Aumento real em relação ao PIB de9, 01%.

Dívida Interna Bruta da União em Poder do Banco Central

– Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do Banco Central de R$ 282,1 bilhões (18,95% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 694,0 bilhões (17,86% do PIB) em dezembro de 2010. Redução real em relação ao PIB de 5,75%.

– Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do Banco Central de R$ 694,0 bilhões (17,86% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 1.274,5 bilhões (21,42% do PIB) em fevereiro de 2016. Aumento real em relação ao PIB de 19,93%.

Dívida Interna Bruta da União Total (em Poder do Mercado e do Banco Central)

– Aumento nominal da dívida interna bruta total (em poder do mercado e do Banco Central) de R$ 841,0 bilhões (56,49% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 2.297,9 bilhões (59,14% do PIB) em dezembro 2010. Aumento real em relação ao PIB de 4,69%.

Aumento nominal da dívida interna bruta total (em poder do mercado e do Banco Central) de R$ 2.297,9 bilhões (59,14% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 3.952,7 bilhões (66,42% do PIB) em fevereiro de 2016. Aumento real em relação ao PIB de 12,31%.

Dívida Externa Líquida da União (Dívida Externa Bruta Menos Reservas)

– Redução nominal da dívida externa líquida de R$ 262,9 bilhões (17,66% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 90,1 bilhões (2,32% do PIB) em dezembro 2010. Redução real em relação ao PIB de 86,86%.

– Aumento nominal da dívida externa líquida de R$ 90,1 bilhões (2,32%do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 141,2 bilhões (2,37% do PIB) em fevereiro de 2016. Aumento real em relação ao PIB de 2,15%.

Dívida Líquida Total da União (Interna e Externa)

– Aumento nominal da dívida total líquida da União (interna e Externa) de R$ 1.103,9 bilhões (74,15% do PIB) em dezembro de 2002 para R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB) em dezembro de 2010. Redução real em relação ao PIB de 17,11%.

– Aumento nominal da dívida total líquida da União (Interna e Externa) de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 4.093,9 bilhões (68,80% do PIB) em fevereiro de 2016. Aumento real em relação ao PIB de 11,94%.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

 Ricardo Bergamini

(48) 9636-7322

(48) 9976-6974

Membro do Grupo Pensar+ www.pontocritico.com

ricardobergamini@ricardobergamini.com.br

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 Fonte: comunicação pessoal enviada para Vanderlei Dallagno em 30/03/2015.
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