A aberração do crédito subsidiado

Política Monetária e Operações de Crédito do SFN – Fonte BCB

Base: Setembro de 2017

I – Operações de crédito do sistema financeiro

O saldo total das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3.048,0 bilhões em setembro, registrando estabilidade no mês e recuo de 2,0% em doze meses. O crédito a pessoas físicas totalizou R$ 1.616,0 bilhões (+0,2% no mês e +4,7% em doze meses). A carteira de pessoas jurídicas somou R$ 1.432,0 bilhões, com retrações de 0,4% e 8,7% nos mesmos períodos. A relação crédito/PIB situou-se em 47,0% (50,2% em setembro de 2016).

O saldo com recursos livres alcançou R$ 1.530,0 bilhões (+0,2% no mês e -1,1% em 12 meses). No mês, destacou-se a expansão do crédito às empresas, que somou R$ 702,0 bilhões (+0,5%), favorecida pelo aumento sazonal dos descontos de duplicatas e recebíveis. Em capital de giro, apesar de estabilidade nas concessões do mês, prevaleceu a redução de saldos determinada pelas liquidações de operações. Na carteira de pessoas físicas, saldo de R$828 bilhões (-0,1% no mês), as reduções em cheque especial e cartão à vista compensaram as expansões em crédito consignado e financiamento de veículos.

Os financiamentos com recursos direcionados atingiram saldo de R$ 1.518,0 bilhões (-0,3% no mês e -2,9% em doze meses), com redução no segmento de pessoas jurídicas (-1,2% no mês, saldo de R$ 730,0 bilhões), notadamente nos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES. As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 788,0 bilhões (+0,6% no mês), com destaque para o crédito rural, com o aumento da demanda para o custeio da safra de grãos.

Na segmentação segundo os setores de atividade econômica, os créditos destinados à indústria – saldo de R$ 690,0 bilhões – diminuíram 1,3% no mês (-1,9% no ramo de transformação), enquanto os empréstimos ao setor de serviços aumentaram 0,6%, somando R$ 690,0 bilhões, com recuperação das contratações do segmento de comércio (+1,2%). Regionalmente, consideradas as operações acima de R$ 1 mil, destacaram-se os aumentos no Norte (+0,6% no mês, R$117 bilhões) e no Sudeste (+0,1%, R$ 1.607,0 bilhões) e a redução no Nordeste (-0,4%, R$ 398,0 bilhões).

Taxas de juros e inadimplência

Em setembro, o custo médio das operações de crédito ativas, aferido pelo Indicador de Custo do Crédito (ICC), apresentou redução de 0,3 p.p., situando-se em 21,8% a.a. (-1,3 p.p em doze meses). No crédito livre, o indicador recuou 0,8 p.p. no mês e 3,4 p.p. em doze meses, para 35,9%, permanecendo em 8,9% a.a. desde fevereiro no crédito direcionado.

A taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro atingiu 27% a.a. em setembro (-1,4 p.p. no mês e -6,1, p.p. em doze meses). No crédito livre, a taxa média situou-se em 43,3% a.a. (-2,3 p.p. no mês e -10,3 p.p. em doze meses), enquanto, no direcionado, caiu para 9,3% a.a., após variações de -0,7 p.p. e -1,7, p.p. nos mesmos períodos.

No segmento de pessoas físicas, a taxa média de juros recuou 1,7 p.p. no mês e 9,0 p.p. em doze meses, para 33,9% a.a. Nas contratações com recursos livres, a taxa alcançou 59,2% a.a (-3,1 p.p. no mês), destacando-se os recuos no cartão rotativo não-regular (-106,8 p.p.) e no crédito pessoal não consignado (-3,1 p.p.). No crédito direcionado, o custo médio mensal baixou de 8,5% para 8,4% a.a.

Nos empréstimos às empresas, a taxa média situou-se em 17,5% a.a. (-1,2 p.p. no mês e -3,8 p.p. em doze meses). No crédito livre, os juros declinaram 1,1 p.p. no mês, para 23,2% a.a., com reduções em diversas modalidades. No crédito direcionado, a taxa diminuiu 1,4 p.p., para 10,7% a.a., com ênfase na redução de 1,8 p.p. nos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES.

Em setembro, o spread bancário apresentou o maior declínio desde abril, -1,0 p.p., (-3,3, p.p. em doze meses), para 20,2 p.p. No crédito às famílias, o indicador atingiu 27,2 p.p. (-1,4 p.p. no mês), e 10,5 p.p. (-0,9 p.p.) no segmento de empresas. No crédito livre, o spread caiu 1,8 p.p., alcançando 35,1 p.p., enquanto, no direcionado, recuou 0,5 p.p., para 4,0 p.p. em setembro.

A taxa de inadimplência das operações de crédito do sistema financeiro, correspondente aos atrasos superiores a noventa dias, situou-se em 3,6% (-0,1 p.p. no mês e em 12 meses). No mês, a taxa recuou 0,2 p.p. no segmento de empresas, para 3,3%, e manteve-se estável no crédito às famílias (3,9%). No segmento livre, a inadimplência apresentou queda de 0,2 p.p. (5,4%), enquanto no direcionado, manteve-se em 1,8%.

II – Evolução dos agregados monetários

A média dos saldos diários da base monetária totalizou R$ 254,4 bilhões em setembro, repercutindo os avanços de 1,8% no mês e de 4,6% em doze meses. A variação mensal refletiu o aumento de 2,2% no saldo do papel-moeda emitido e a redução de 0,5% na posição das reservas bancárias.

Considerando-se os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, destacaram-se as operações com títulos públicos federais, com impacto expansionista de R$ 16,8 bilhões (compras líquidas de R$ 17,5 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$ 635,0 milhões no mercado primário); e as operações do Tesouro Nacional, que provocaram contração de R$ 7,7 bilhões.

O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) alcançou R$ 318,9 bilhões em setembro, após crescimento de 1,6% no mês, correspondente às evoluções positivas de 2,1% no papel-moeda em poder do público e de 1% nos depósitos à vista. Em doze meses, o M1 cresceu 3,6%.

O saldo dos meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos de poupança e títulos privados, cresceu 0,7% em setembro, totalizando R$ 2,4 trilhões. Essa variação refletiu os crescimentos de 1,5% no saldo de final de período dos meios de pagamentos restritos (M1), de 0,8% nos depósitos de poupança (saldo de R$ 696,0 bilhões), e de 0,4% nos títulos privados (R$1,4 trilhão). No mês, a poupança registrou captação líquida de R$ 3,7 bilhões e os depósitos a prazo, de R$ 5,5 bilhões.

O conceito M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, expandiu-se 0,8%, totalizando R$ 5,7 trilhões. O saldo das quotas de fundos de renda fixa cresceu 0,9% no período, totalizando R$ 3,2 trilhões, enquanto as operações compromissadas recuaram 2,8%, atingindo R$ 87,0 bilhões. O M4, conceito que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, apresentou elevação de 0,7% no mês e de 9,4% nos últimos doze meses, somando R$ 6,5 trilhões.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

Ricardo Bergamini

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