Riscos (ou, mal) calculados

As mentiras acabam descobertas por falta de coerência, mais uma vez esta assertiva se confirma no caso da delação de Joesley.

Alguns pontos a considerar:

– A lava jatos, mais cedo ou mais tarde, alcançaria o grupo JBS e suas tramoias com o (des)governo petista, apenas questão de tempo. As evidências saltavam aos olhos de qualquer um que tivesse um mínimo de inteligência. Os irmãos açougueiros devem ter avaliado bem as circunstâncias, para resolver antecipar-se ação da PF e da justiça, mas não é tudo.

– Algumas personagens envolvidas no olho do furação das investigações e, ainda, com aspirações de voltar ao poder, articularam uma engenhosa operação, que poria fim ao governo golpista e abriria as portas para candidatura lula. Assim, foi articulado nos meses de fevereiro/março um plano ardiloso, que parecia perfeito.

1) Livraria de condenações os corruptores e favorecidos pela ORCRIM, livrando de penalidades criminais, com salvo conduto para viver nababescamente em Nova Iorque e salvaria o império construído fraudulentamente com dinheiro público, através de empréstimos o BNDES.

2) O acordo de delação, seguindo da denúncia apresentado por Janot, tinha alvo apontado para por fim ao governo Temer e abrir caminho para uma eleição antecipada, antes que o dom moluscone tivesse sua primeira condenação, ou que o congresso realizasse eleição indireta, elegendo alguém alinhado ao lulapetismo.

3) A denúncia contra Temer, criaria pânico no setor financeiro, disparada do dólar e da inflação, as empresas reduziriam ainda mais seus investimentos e consequentemente aumentaria o desemprego, a sociedade se revoltaria e com manifestações frequentes nas ruas criaria o clima perfeito para que a câmara aprovasse o afastamento do presidente para que fosse processado pelo STF, ou Temer não resistiria o clamor da opinião pública e renunciaria.

4) Este processo se arrastaria, pelo menos, por seis meses, sangrando o pais e criando o clima ideal para a esquerda, pois esta é a tática secular para alcançar o poder. O caos, a tempestade perfeita, o melhor dos mundos.

O que deu errado?

O primeiro ato do espetáculo, chamou a atenção pelo açodamento da delação, que transcorreu em menos de 60 dias, enquanto outras de tão grande repercussão quanto esta, arrastou-se por meses. Outro detalhe foi a benevolência aferida aos delatores, brindando com a impunidade e o castigo de exilar-se na 5ª avenida, em NY.

O Segundo ato, é que a denúncia apresentada não causou comoção nacional, a sociedade permaneceu cética e silenciosa. Às ruas, apenas alguns apaniguados, comedores de sanduiche de mortadela, pipocaram aqui ou acolá, sem a grande aderência nacional.

Terceiro ato, o presidente reagiu, não renunciou e sai para o contra-ataque, aproveitando as brechas da denúncia precipitada.

Quarto ato, a câmara dividida e oportunista, rendeu-se às negociatas e manteve-se pendurado neste pêndulo do poder, rejeitando o afastamento do presidente.

Quinto ato, a indicação da sucessora de Janot na PGR, aparentemente não alinhada com a conduta atual, o que levaria a descortinar muitas falhas e omissões no processo da delação, que fatalmente fragilizaria a figura de Janot e mostraria as vísceras deste plano sórdido.

E para finalizar, surgiu um sexto ato, talvez um bônus para os espectadores, a gravação de bêbados, que trouxe definitivamente luz sobre a sorrateira armação. A essa altura fico imaginando a bronca que o açougueiro deu a seus asseclas e defensores por tamanha e grave falha, de não selecionar cuidadosamente as gravações.

Lance de sorte? Falha? Burrice?

Não tem importância, prevalece o ditado popular, mentira tem pernas curtas. Agora aguardemos os próximos atos deste espetáculo, que ainda não sei se é um drama ou uma comédia pastelão.

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Author: João Carlos Neves

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